Em Fevereiro do ano passado, depois de alguma pesquisa na internet, resolvi-me a ir a Lisboa à Ecologicalkids aprender sobre fraldas ecológicas: de tecido, reutilizáveis, laváveis, giras, caras.
Quando comecei a ponderar seriamente essa opção, em detrimento das fraldas descartáveis, toda a gente me disse que era louca. Como sou mesmo, acabei por comprar um conjunto e sinto-me finalmente capacitada para responder às questões dos incrédulos.
1.
Fraldas de tecido? Mas estamos no século passado ou quê?
A ideia vulgar que temos acerca das fraldas de tecido é a daquelas velhas fraldas presas com um alfinete. Embora ainda haja dessas, eu não sou assim tão ecológica (nem tenho criadagem), por isso optei pela versão século XXI.
O formato geral é o de uma fralda descartável. O exterior é à prova de água e o interior tem um tecido que parece polar e que mantém a humidade afastada da pele. Esse tecido forma um bolso, onde se introduz o absorvente, que pode ser maior ou menor, consoante a absorção desejada.
Como são de tecido não são à prova de tudo. Já aconteceram algumas fugas de xixi, mas nada de grave. A S. já dormiu noites inteirinhas com uma. E quando falo de noites inteirinhas, refiro-me a pelo menos 8 horas de sono. Pelo sim, pelo não - e como ela dorme bastante - à noite prefiro usar uma descartável.
2. Pois, muito interessante e como é que as lavas? E o que é fazes aos cocós?
Na máquina da roupa, num programa com pré-lavagem, a 40ºC. E saem branquinhas e sem cheiros absolutamente nenhum. Verdade.
Uso
este detergente, que é absurdamente caro. Mas a quantidade a usar é mínima. Se se lavarem 10 fraldas, uma colher de sobremesa chega perfeitamente. Usar muito detergente não limpa mais a fralda, pelo contrário. Deixa resíduos e piora a performance dos tecidos.
Quando os cocós são líquidos, bom, temos de os deixar na fralda (eu passava por água corrente para retirar os excessos). Mas a S. começou agora os sólidos e passei a usar revestimentos biodegradáveis, que permitem apanhar o pequeno cocó e deitá-lo na sanita. Sim, sem sujar as mãos. E mais, se a fralda não estiver cheia, é só colocar um novo revestimento.
3. Pois, mas deve ser cá um cheirete em casa... onde é que guardas isso?
Tenho uns sacos próprios, com um fecho no fundo. Ao longo do dia, vou deixando lá as fraldas sujas. Depois, agarro no saco, abro o fecho e ponho tudo na máquina da roupa, sem tocar nas fraldas. Com a lavagem, os absorventes acabam por sair de dentro da fralda e fica tudo limpo.
E, lamento desiludir-vos, mas as fraldas descartáveis são infinitamente mais fedorentas.
4. Está bem, mas isso é tudo uma grande trabalheira.
É. Mas pelo menos não é preciso passar a ferro, ao contrário de todas as outras micro-roupas.
5. Vá, agora a sério, diz lá o que pensas.
Gosto bastante, embora, por exemplo, para a noite ou para sair, as fraldas descartáveis sejam mais práticas.
São mais giras e divertidas; não provocam assaduras, nem é preciso andar a besuntar o rabiosque com creme; são fáceis de colocar (às vezes, até me parecem mais fáceis de pôr porque, como são mais pesadas, não deslizam tanto); são fáceis de lavar (a fralda propriamente dita sai praticamente seca da máquina, mas os absorventes levam mais tempo, o que é aborrecido em dias de chuva); não cheiram mal. Não são tão intuitivas (nem podiam ser) como uma fralda descartável. É preciso perceber como funcionam, ir ajustando molas, ir ajustando absorventes, ir ajustando lavagens, até se dominar razoavelmente a coisa.
Se, de facto, durarem os dois anos e meio/ três que o bebé usa fraldas é um excelente investimento - ao contrário da roupa xpto que usou uma vez e lhe deixou logo de servir.