9 de setembro de 2007

Regresso às Aulas


É impressão minha ou dantes, quando se regressava à escola, era efectivamente Outono: chuvia e fazia frio. Não custava voltar à escola, ao giz e ao recreio porque as férias tinham sido tão grandes e tão cheias de brincadeiras, que se ficava com saudades da escola.
O regresso à escola era feliz. O meu padrinho tinha ido de férias para o Algarve e juntamente com as amêndoas e alfarrobas, trazia caramelos e um estojo cheio de canetas e lápis de cor, vindos de Ayamonte. Munida de canetas e lápis de cor podia fazer os meus desenhos das princesas (saias de balão de um século XVIII desconhecido): achava que desenhava bem, mas era mentira. Os desenhos eram executados num papel hoje desconhecido, fibroso e pardacento. E, muitas vezes, era preciso pedir canetas de feltro emprestadas aos miúdos que tinham o eeennnoorrrmmme estojo Molin, contendo 24 (ou 36) marcadores.
Quase todos tínhamos a lancheira da Tupperware - aquela cor-de-laranja, com os sinais de trânsito, sabem? - e lá dentro ia um paposseco barrado com Planta, um pacote de leite com chocolate, batatas fritas pala-pala, bolachas. Os donuts e os bolicaos ainda estavam por inventar. No intervalo jogava-se à estátua e ao macaquinho do chinês, ao lá-vai-alho e cabra cega, às escondidas e à apanhada. O recreio não respeitava qualquer tipo de norma de segurança e ninguém se importava.
Parecia tudo tão simples.
Agora regressa-se às aulas e ainda é Verão.
Que motivação há para se ficar encafuado dentro de uma sala quando o sol brilha na vidraça e ainda apetece dar mergulhos?
(sim, mesmo em dias como hoje em que troveja e chove)

Sem comentários: