31 de dezembro de 2007

Em tons azul-cueca

É dia 31 de Dezembro.
Logo à noite, mesmo sem cuecas azuis vestidas, entraremos em 2008. Haverá uma cadeira, doze passas na mão e doze desejos a pedir - nunca me lembro de doze desejos; e da única vez em que pedi o mesmo desejo doze vezes ele não se realizou. Por isso, o tom geral do início do ano é: continuar a comer desalmadamente.
Claro que, como aconteceu com a entrada em vigor do euro, há uns anos, algumas coisas mudarão a partir da meia-noite. Uma que preocupa bastante o meu pai (sabe Deus porquê, dado que não o afecta em nada!...) é a proibição de fumar em locais públicos. Afectando-me mais a mim, resigno-me à ideia de fumar ao ar livre e penso que terá a vantagem óbvia de me fazer fumar menos. Provavelmente os combustíveis também vão aumentar e os transportes e os impostos - mas são mudanças a que estamos habituados, não é?
A 31 de Dezembro impor-se-ia o balanço de 2007. E o que me aconteceu em 2007? A minha amiga A.P. diria que foi um ano igual aos outros e que 2008 será igual a 2007 e que 2009 será igual a 2008 e assim sucessivamente.

Tendo a concordar.
Acumulamos quilos, rugas e cabelos brancos, apenas. Continuamos com as mesmas dúvidas existenciais, olhando o mundo pelas mesmas lentes entre o cínico e o sarcástico, entre o complacente e o divertido, entre o snob e profundamente humilde. Continuaremos a procurar respostas - em nós, nos outros ou nos horóscopos das revistas femininas - sem que nenhuma delas seja plenamente satisfatória e tentaremos aprender a viver com hipóteses, em vez de termos a ânsia das certezas.
De facto, para o ano começar realmente bem, deveríamos entrar nele não em tons azul-cueca, mas em vermelho-cinto-de-ligas.

Sem comentários: