25 de maio de 2008

De dentro do aquário

O leitor-voyeur pensa que pode entrar e olhar para o blog, vendo-me como se vê um peixe dentro de um aquário. Espera que o blog reflicta mudanças no meu ecossistema. Espera notar essas subtis alterações: uma planta fora do sítio, uma pedra, lá no fundo, que já não se avista. Comida a boiar à superfície. E eu nadando, nadando, no meu aquário-html.
O leitor-voyeur pensa que me espreita, impune. Pensa que não lhe noto o cheiro e que não vejo as dedadas que deixa.
Ignorante de si mesmo, o leitor-voyeur persiste. Não é perseverante. A sua insistente persistência mais não é do que uma teimosia, um arrufo, um capricho. Uma coisa a dar para o doentio.
Confunde tudo. O mundo em htlm com o sol lá fora. O que sou com o que de mim projecto. O que é e aquilo que podia ser com o que de si deixa- lastro a coisas bafientas, a medos antigos, um coração a solidificar no seu âmago.
Triste de ti.

3 comentários:

Anónimo disse...

Se calhar, o dito leitor, pensa algo muito mais simples e muito menos rebuscado.
Pensa, se calhar, que ao espreitar neste blog, como mulheres vestidas de negro, atrás do postigo, vê-te, cara autora, como realmente és. Pensa, não que te vê aqui como num aquário, mas como algum bicho no seu habitat natural -como naqueles documentários da sic ao domingo antes de almoço. POr isso, se calhar, ao contrário do que possas pensar, espera ver-te como és. Sem mais. Com ou sem alterações.
POr isso, quando aqui entra - sabendo, ao contrário do que julgas, que não deixa pegadas - procura a cor cristalina de um limão, ou o cheiro da canela, a frescura do cardamomo ou da lucia-lima, o sabor de uma cereja, o aroma de uma flor verde de laranjeira.
persiste, e ao contrário do que se calhar pensas, persiste intecionalmente e mantém-se perseverante para entregar em cada visita uma romã, ou um cálice de moscatel, ou uma corda de violino ou para procurar a perfeição de uns pezinhos -como já no Eça- ou para ver a tua língua a passar nos lábios qd fala mt, como o MEC, ou procurar o cheiro da planície alentejana num fim de tarde de verão.
se calhar, por tudo isto não confunde as coisas e sabe, que o html é apenas um suporte para uma anima, como um Descartes.
mas que sei? não sou o dito leitor, disseste-mo tu hoje. não tenho importância para isso. por isso não posso saber que cheiro ele deixa ou o que procura.
felizmente!

Anónimo disse...

Eu sou um dos que costuma vir ler o que escreves

Anónimo disse...

eu também