9 de maio de 2008

Os Guias das Raparigas

Em 1822, Almeida Garrett, em colaboração com Luís Francisco Midosi, publicava O Toucador: Periódico sem Política, Dedicado às Senhoras Portuguesas. Diz que - eu mal conheço O Toucador e, portanto, seria tolo opinar em demasia - o Garrett, muito esperto, queria era usar a sua revista (feminina) para educar a rapariga por quem se apaixonara.

O propósito (nobre) continua a ser perseguido pelas revistas femininas, dispostas no escaparate no supermercado. Todas elas me prometem o segredo para:

a) um corpo mais perfeito;
b) o sucesso profissional;
c) um relacionamento de sonho;
d) filhos perfeitos, bem educados e tal;
e) poder ter a preços acessíveis as roupas que ficam tão lindas nas actrizes e personagens mediáticas;
f) uma casa decorada com bom gosto, mas de forma económica;
g) deliciosas receitas para aproveitar restos ou para um jantar romântico ou para um jantar profissional, em que tem de se impressionar alguém;

Todas elas não só me prometem isto como têm ainda um horóscopo (que ocupa várias páginas no início do ano) e, mais importante que tudo: uma mala de oferta.
Como manual de instruções para a mulher contemporânea - feminina, profissional, amante dedicada, mãe extremosa - a revista feminina não me satisfaz. Só as compro por causa das malinhas foleiras que se vão amontoando aqui por casa. Folheando-as, julgo todos aqueles conselhos, dicas e segredos tão foleiros como o brinde. Uma espécie de Nossa Senhora que brilha no tablier do carro, mas que não nos protege de nada, afinal.

1 comentário:

Anónimo disse...

E porque será que as mulheres gostam tanto de comprar coisas que não usam. Todas as mulheres tem mais de vinte malas mas so usam duas ou tres.