11 de junho de 2008

Eu e a bola

Neste momento em que escrevo, acaba de se disputar o Portugal-República Checa.
Via janela aberta, chegam-me ecos dos golos marcados por Portugal, que venceu por 3-1.
Os Portugueses, patrioticamente, esqueceram que ontem foi Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugueses (com um nome tão grande, não admira a gaffe do Cavaco...): mas hoje, ei-los, de bandeira hasteada, cheios de orgulho, a gritar golo.
Apesar de ter seguido - desatentamente, convenhamos! - o Portugal-Turquia, hoje não me dispus a ver a bola. A bola tem apenas graça quando a acompanhamos por imperiais e caracóis e a esplanada em peso se levanta, gritando em uníssono GOOOOOLLLLLOOOOOO!
Falta narrativa ao desporto. A bola não tem enredo. Não há uma trama. Ok, temos antagonistas... só isso podia ser o início de um enredo. Mas onde é que está uma bela? Onde é que fica o amor? Não há histórias, nem enredos sem amor pelo meio.
É por estas e por outras - não sei o nome dos jogadores, não sei o que é um "fora-de-jogo", nem um "pontapé-de-baliza" - que deploro ver a bola.
A única bola que gosto de ver é aquela delícia chamada Liga dos Últimos. A bola tal como ela nunca devia ter deixado de ser. Uma coisa divertida, sem ordenados milionários, sem vedetas das revistas cor-de-rosa, em que a corrupção é pagar umas minis e um prato de tremoços ao árbitro antes do jogo.

2 comentários:

Anónimo disse...

a liga dos ultimos para mim e um programa deploravel. é um programa k goza com pessoas que trabalham para as suas colectividades e se nao fossem esses "carolas" a dar muito do seu tempo as colectividades deixavam de existir.

Maria Filomena Barradas disse...

Tomás, discordo em absoluto.
O programa não goza: dá voz àqueles de que a comunicação social esquece e que fazem do desporto uma verdadeira festa, exactamente pela generosidade (ou carolice) que nele põem. Não podia haver homenagem mais bonita. Longe das ribaltas.