30 de junho de 2008

Na Gulbenkian, há dez anos

Há dez anos íamos muito até ao jardim da Gulbenkian.
Lembro-me duma vez em que comprámos uvas numa mercearia, nas imediações da Fundação, e de as termos comido sem as lavarmos. Estendiamo-nos no relvado e víamos os miúdos com malabares e diablos. No nosso mundo da Faculdade, onde a Linguística nos tinha ensinado o que eram traços distintivos, aqueles miúdos de malabares e diablos tinham o traço mais circense [+circ]. Era no Verão. O jardim fechava a cidade lá fora.
Lembro-me de percorrermos as aleias do jardim. Não sei se tínhamos mais dúvidas do que temos agora. Eu vivia no 28, 4º Esq, debruçado para a Padre Cruz e acho que sim, que era estupidamente feliz.
Talvez estes textos corram demasiado pelo passado. Talvez haja em mim uma propensão (portuguesa?) para a saudade, pelo estar num mesmo lugar em dois tempos, um comprazimento na ausência, viajando sempre de mim para mim.
Imagino que deve ter havido momentos de grande silêncio entre nós. Momentos em que ficávamos só a ver a relva e os patos do lago, contentes pela partilha dessas coisas simples e que não precisavam de grandes explicações.
Leitores, se não gostaram do que vos escrevi - eu própria não estou muito satisfeita - peço-vos desculpa. Não é um texto que tendes perante vós, mas um apontamento escrito à pressa, na margem de um caderno. Palmeiras, olhos, cubos, quadrados a branco e preto no resto da folha, imaginemos.

2 comentários:

MonteMaior disse...

Gostei muuuuiiiiiiito!

MonteMaior disse...

Quanto aquilo da bibliografia no meu blog. Posso fazer copy past? Era essa a minha dúvida.