6 de junho de 2008



No início da semana, recebi um curioso email:
"Portalegre, 2 de Junho de 2008
Exmo. Srº (a):
Maria Filomena Barradas,
A OTIC-INOVAA vem por este meio pedir a sua colaboração para a elaboração de um guia científico a publicar com os trabalhos, projectos, teses e publicações que os docentes do IPP têm vindo a realizar ao longo dos últimos anos.
Assim, no que diz respeito ao blog:
- Ultrabanalidades: www.ultrabanalidades.blogspot.com.
Pedimos com urgência que nos indique a data da criação do mesmo, bem como um resumo do seu conteúdo.
Com os maiores comprimentos:
(OTIC-INOVAA)"


Não sei se a OTIC-INOVAA vai ficar extremamente aborrecida com a divulgação do email. Em minha defesa, direi que não vejo nele nada que não possa ser divulgado - embora, claro, este tópico se prestasse a infinitas discussões...

O que é curioso nesta pequena prosa que recebi é o interesse pelo meu blog como se se tratasse de uma publicação científica! Bem sei, bem sei. No mundo académico publish or perish...

E de facto, o Ultrabanalidades, é uma publicação. Pensar nisso e nos leitores que o têm visitado é um pouco assustador.

Mas deixo esse tema para o biógrafo que analisará o espólio que deixarei à Biblioteca Nacional: discos rigídos, alguns cds, as pens usb, vários dossiers cheios de fichas de leitura, papelinhos das aulas, conversas escritas entre mim e os colegas da faculdade, resgatadas de entre folhas de livros, onde agora vivem, milhares de recibos do multibanco, que atestarão a vida aventurosa e despesista que tive, post its com coisas que tinha para fazer, agendas com as marcações dos testes.
Talvez , procurando muito, o meu biógrafo encontre os três textos publicados em papel por mim, para além da tese de mestrado: um conto que a Revista Juvenil da Editorial Verbo publicou, devia ter eu uns 12 anos; o texto com o qual ganhei o primeiro prémio de um concurso literário na Escola Secundária e o artigo todo ele académico que poderá ser encontrado em A Escrita e o Mundo em António Lobo Antunes, a páginas 133-139.
O resto perdeu-se: quer o romance à la Uma Aventura, que encetei, durante o ciclo prepatório, quer as três linhas primeiras linhas de A Última Tanga em Lisboa, que, na minha imaginação começariam numa referência óbvia e pós-moderna a Os Maias: "A casa que elas vieram habitar, em Outubro de 1994, era conhecida em toda a vizinhança por albergar sazonalmente estudantes vindos da província".
No meu romance não-escrito, narrarei a terrível passagem da adolescência à idade adulta e a luta que é. Lá estarão as figuras que habitaram esse tempo e o 28, 4º Esq da Rua Luís de Freitas Branco, ao Lumiar. Algumas figuras pensarão que ali, no papel, são elas mesmas, por mais que jure a pés juntos que não, não. São apenas a minha interpretação, pessoal e livre, do que elas foram nesse tempo. Do que eu era nesse tempo. Das nossas comuns dores de crescimento.
Agradeço o interesse da OTIC-INOVAA (como soube do blog? Eu entreguei um CV onde o menciono?). Agradeço aos leitores.
Talvez um dia passe das intenções às publicações. Talvez.

6 comentários:

Anónimo disse...

vanda diz que nao consegue comentar. oh deus, porquê?

MonteMaior disse...

Eu continuo ansiosamente à espera d' "A última tanga em Lisboa"

Unknown disse...

Também quero a tanga de Lisboa.

Anónimo disse...

Mesmo que não seja científico, por favor, continua a escrever!

Maria Filomena Barradas disse...

Anónimo: obrigada pelo teu comentário. Tentarei, tentarei. Às vezes não é fácil.

Anónimo disse...

Concordo com o 1º anónimo!