Este é o meu gato. Um monte de pêlos barrigudo, que suja tudo, que derruba coisas quando quer chamar a atenção. Se não fosse ele, dava em maluca. Agora por exemplo: já está deitado na mantinha, aos pés da cama; lá para a 1.30h vai acordar-me e eu vou estremunhada dar-lhe comer. Às 5 da manhã, a cena repete. Acordo com a barriga dele a arrastar-se sobre a minha cabeça, sobre a minha cara. Senta-se na mesa de cabeceira, tenta derrubar algumas coisas que façam barulho. E lá vou eu, e lá venho eu. Dorme o dia todo. Espalha a areia do tabuleiro e a casa de banho fica sempre a cheirar mal; delira com fiambre, queijo e outros acepipes. Dá beijinhos, dá carinhos, procura a dona, deita-se aos pés da dona, segue a dona pela casa, mia para os outros gatos à janela. Se não fosse ele, nos dias mais infelizes, mais sozinhos, mais nublosos dentro de mim, que seria?
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