"- Oh, este Paris, Jacinto, este teu Paris! Que enorme, que grosseiro bazar!" (A Cidade e as Serras, Eça de Queirós)
Paris é como uma cidade de brincar, percorrida por um rio de brincar (não sei donde vem, nem para onde vai o Sena: parece-me ter sido posto ali, com os seus barcos, apenas decorativamente, embora a Wikipedia me diga que não). Assustadoramente perfeita a cidade: ampla e plana. Prédios-mausoléus deslumbrantes e todos iguais. Jardins verdejantes. Chuva e frio em Agosto, inusitadamente. Comida à emporter e "des croissants aux amandes". Eu a entupir-me, graças à companhia, de MacDonald's, porque podíamos morrer envenenados com as iguarias locais. Eu a andar quilómetros sob a terra, em estações do metro, todas iguais, e de escadas sujas. Eu a andar quilómetros nos museus, como se isso me fizesse mais inteligente, mais estética. Eu a odiar os quilómetros do Louvre, os japoneses de máquina fotográfica em punho, o meu companheiro e o seu plano diário de registar fotograficamente todos os minúsculos momentos, como se as fotos substituissem as experiências. A Mona Lisa rodeada de basbaques. A multidão espantada para a Vénus de Milo. Os corredores sem fim. A obrigatoriedade de ser turista, quando me apetecia apenas olhar para as pessoas e procurar as coisas que não vêm no guia de viagens. A chuva que me constipou. O frio. Eu, no MacDonald's dos Champs Elysées de lágrimas nos olhos a sentir-me terrivelmente sozinha e deslocada, sem perceber porque estava ali e que erro era aquele que me deixara ali. Eu muito cansada, triste e farta de tanta monumentalidade. Cansada das ruas que não acabavam, dos japoneses e dos espanhóis e dos italianos e dos museus e da cidade petrificada, como se não existisse para além da sua turisticalidade.
Paris é como uma cidade de brincar, percorrida por um rio de brincar (não sei donde vem, nem para onde vai o Sena: parece-me ter sido posto ali, com os seus barcos, apenas decorativamente, embora a Wikipedia me diga que não). Assustadoramente perfeita a cidade: ampla e plana. Prédios-mausoléus deslumbrantes e todos iguais. Jardins verdejantes. Chuva e frio em Agosto, inusitadamente. Comida à emporter e "des croissants aux amandes". Eu a entupir-me, graças à companhia, de MacDonald's, porque podíamos morrer envenenados com as iguarias locais. Eu a andar quilómetros sob a terra, em estações do metro, todas iguais, e de escadas sujas. Eu a andar quilómetros nos museus, como se isso me fizesse mais inteligente, mais estética. Eu a odiar os quilómetros do Louvre, os japoneses de máquina fotográfica em punho, o meu companheiro e o seu plano diário de registar fotograficamente todos os minúsculos momentos, como se as fotos substituissem as experiências. A Mona Lisa rodeada de basbaques. A multidão espantada para a Vénus de Milo. Os corredores sem fim. A obrigatoriedade de ser turista, quando me apetecia apenas olhar para as pessoas e procurar as coisas que não vêm no guia de viagens. A chuva que me constipou. O frio. Eu, no MacDonald's dos Champs Elysées de lágrimas nos olhos a sentir-me terrivelmente sozinha e deslocada, sem perceber porque estava ali e que erro era aquele que me deixara ali. Eu muito cansada, triste e farta de tanta monumentalidade. Cansada das ruas que não acabavam, dos japoneses e dos espanhóis e dos italianos e dos museus e da cidade petrificada, como se não existisse para além da sua turisticalidade.
3 comentários:
Maybe you should relax a little, maybe you should take a deep breath... travelling is one of the most wonderful things we have in life! Enjoy it as much as you can... you'll see it could be a magnificent experience! try to take advantage of all the situations... your next trip will be different, for sure! enjoy it!
Há coisas muito simples com as quais não nos deslumbramos; porquê a obrigatoriedade de me deslumbrar apenas com as viagens? As viagens não nos tornam mais giros e espertos, se não formos já giros e espertos. Viajar e conhecer outras coisas não implica a rendição incondicional a coisa alguma, nem encómios palavrosos, nem um olhar deprimido para a nossa realidade. Implica, quanto a mim, um olhar crítico. Gosto mais de Lisboa do que de Paris. Gosto do Tejo e do céu azul ferrete, como dizia o Eça; gosto de prédios às cores, e da mancha azul do rio ao fundo; gosto da roupa estendida nos prédios de azulejo. Este país não é uma choldra; nós, é que por pena endémica de nós próprios, julgamos que sim.
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