1 de setembro de 2006

Historieta moral


Era uma vez um homem lógico. Estudara matemática e ciências. Como não suportava a arbitrariedade que a vida insistia em criar, pensou que o ideal seria produzir uma máquina que lhe permitisse precaver-se, logicamente, contra todos os desmandos, arbitrariedades e paixões em que vivem os humanos. Arranjou as peças necessárias e com elas construiu um engenhoso aparelho que analisava todas as emoções e todas as sensações e as convertia em fórmulas matemáticas. Graças à máquina, o homem não cometia erros. Era um deus. Mas até o riso, até o sol, até as flores, até uma criança a correr deixaram de ter encanto. A mulher que o amou, desamou-o: incapaz de competir com o algoritmo que a explicava, ela percebeu, tarde demais, que abrir o peito, oferecer o coração eram actos insólitos, inexplicáveis, ilógicos, porque simplesmente humanos e falíveis.

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