22 de dezembro de 2006

The Summer of 97

O ano mais feliz da minha vida foi 1997. O Verão de 97 esteve cheio de acontecimentos. Direi nas minhas memórias que passei o tempo semi-bêbeda. Foi o Verão em que fiz 21 anos: ofereceram-me um ramo de 21 rosas; fomos às Docas. Todos chorámos e jurámos que a amizade seria eterna. Que dali a cinco anos, desse por onde desse, os quatro havíamos de estar juntos, porque a amizade era a única coisa que importava e por que nos batíamos - era o valor eterno.
Desse tempo resta uma foto nossa (que não sei onde anda) e um dos pedaços da nota de 500$00 que rasgámos, com o intuito de a voltar a reunir dali a cinco anos.
No ano seguinte, o grupo começou a desfazer-se. O bem individual sobrepôs-se ao bem do grupo - o que inevitavelmente acontece. Esquecemo-nos rapidamente daqueles que nos apoiaram as quedas, quando deixamos de estar na mó de baixo. E se os outros ficam magoados com o que fazemos... o que interessa? O que interessa é que estamos bem, como há muito não estávamos! O resto que se lixe!
A sensação de abandono cresceu em mim e no Zé Carlos, numa noite no Bairro Alto. Há memórias confusas dessa ocasião. Sobretudo estávamos muito zangados. Lembro-me que nos limitámos a beber vinho e cervejas e a comer meia dúzia de batatas fritas que não acamaram nem o vinho, nem as cervejas. Lembro-me dele a mandar-me escrever qualquer coisa numa agenda sobre um artigo qualquer do Código Civil. Nós os dois a dançarmos numa poça de água. O meu braço negro no dia seguinte e o sabor a papel na boca. Como era nova, a ressaca não foi particularmente gravosa. Mas a inocência de que a amizade era eterna fora perdida nessa noite.
Ser-se adulto não é mais do que perder essa inocência de acreditar profundamente nos outros e dar-lhes o nosso coração a comer.



1 comentário:

MonteMaior disse...

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