15 de junho de 2008

Em colapso

Esta semana, com a greve dos camionistas, a civilização, tal como a conhecemos, conheceu um dos seus momentos mais periclitantes. A civilização, toda ela engrenagem a petróleo movida, abrandava - os alimentos deixaram de chegar aos supermercados; filas intermináveis de carros precipitaram-se para as bombas, perante a hipótese de falta de combustível; produtores de leite viram-se na contigência de derramar o seu produto pelo chão, pois não havia quem o transportasse. Alimentos foram destruídos, porque, sem transporte, se estragavam nos armazéns.
Tudo muito triste, convenhamos.
A crise é uma coisa muito triste. Taxas de juro a subir todos os dias. Os combustíveis. A Galp, sempre desenvergonhada, a aumentar os preços. Toda a gente a comprar produtos de linha branca. Lembrando-me os tempos em que bife com batatas fritas eram a minha noção de alta cozinha. Lembrando os tempos em que a vaca era muito cara. Em que se comiam cavalas.
Com a civilização, tal como a conhecemos, a chegar aos seus últimos dias, todos nós reféns dos camionistas, espécie de invasores que nos fazem cercos medievais, sou forçada a dar razão ao meu pai que, como grande filósofo do quotidiano, sempre defendeu que todos devíamos ter competências ao nível da agricultura de subsistência, no caso duma crise.
Ei-la.

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