21 de dezembro de 2008

On perfection

Quando era criança, a minha melhor amiga tinha Legos impecáveis.
Nunca gostei muito de Legos, diga-se.
Mas os Legos da minha melhor amiga eram impressiontes: duas casas perfeitamente construídas.
Eu também tinha um Lego. Era um snack-bar. A minha mãe tinha-mo comprado na Papelaria Mira. E estranho é que me lembre estar à espera do autocarro e a mexer nas peças nesse mesmo dia, porque julgo que era muito pequena.
Enquanto as casas da minha melhor amiga se erguiam verticais e firmes, peça por peça, todas as peças colocadas no sítio exacto para onde tinham sido concebidas, o meu snack bar era uma trapalhada. As peças não pareciam seguir nenhuma ordem especial. O facto de encaixarem era suficiente para construirem paredes. Mas a parede construída era sobretudo caótica.
Eu invejava e desdenhava as casas de Lego da minha amiga: grandes, sumptuosas, perfeitamente construídas - e, no entanto, ainda hoje, a perfeição surge aos meus olhos como qualquer coisa de oco. Uma excepção à regra, uma amputação, um vazio.