28 de janeiro de 2009

Do tempo

Constatei com um misto de espanto e terror que tenho 32 anos e assisti quer à queda do Muro de Berlim, quer ao fim do Neoliberalismo.
Quando eu tinha 17 ou 18 anos, as pessoas de 32 anos pareciam-me velhas.
Agora pareço-me nova. Acordo e não tenho mais de 21 no espelho da casa de banho.
Se alguém me diz: "Quando é que te casas? Quando é que tens filhos?", encolho os ombros: quem é que se quer casar e ter filhos aos 21? Aos 21, quer-se é beber copos e rir. Passar muitos anos a rir ainda, tão despreocupada.
No entanto, os estudantes que ocupavam ainda ontem as mesas da Biblioteca da Faculdade de Letras pareceram-me todos saídos duma dimensão desconhecida: comerem bolachas e atenderem o telemóvel, enquanto se espalhavam por cima dos livros, pareceu-me um bocado contra-natura.
O tempo parece passar ora muito rápido, ora muito lento. De repente passaram dez anos sobre o fim da licenciatura, nove sobre a chegada a Portalegre: mas como, se continuo a ter os mesmos 21 anos?!






6 comentários:

Anónimo disse...

Se não fostes abduzida, estivestes em coma ou andastes nas ganzas, então ficaste apenas confusa por ver grupos novos nos sítios que foram teus, fazendo o que fazias mas com jeitos, tiques e marcas de bolachas novas e, claro, telemóveis... 10 anos são uma eternidade... nem cd devias ter, era um walkman e vai lá vai...

Maria Filomena Barradas disse...

Amei esse uso da 2ª pessoa do plural... E desconfio que sou frequentemente abduzida. Especialmente à noite... vejo luzes brilhantes e depois não me lembro de mais nada, mas acho que tenho um chip implantado no pescoço.

Anónimo disse...

Mossieur Einstein explicou isso que sentes - a ver se me sei exprimir - dizia qualquer coisa como que o tempo às vezes anda mais depressa ou mais devagar, consoante a velocidade a que nos deslocamos...acho depois de fazer mais umas contas e não sei quê, lhe chamou teoria da relatividade. Se calhar é isso.

" R y k @ r d o " disse...

Hoje como ontem, tudo é igual, menos ... o telemóvel.

As mesmas aventuras, as mesmas brincadeiras, o mesmo mascar, os mesmos copos e o mesmo uso da pastilha

Só que hoje se repara e ontem não.
.

Trolha disse...

Nós não evelhecemos. Só envelhecem os outros. Acredita que é verdade.
Bj

Maria Filomena Barradas disse...

Trolha: sou forçada a concordar contigo. O tempo só deixa marcas nos rostos dos outros.