20 de fevereiro de 2012

O luxo do lavabo público

Ao longo da minha vida, tenho visitado incontáveis casas-de-banho públicas de estações de serviço, centros comerciais, escolas e edifícios públicos.
Com portas mais ou menos gatafunhadas (números de telefone com promessas eróticas, manifestos políticos, máximas da sabedoria popular), com trincos mais ou menos fiáveis, mais ou menos exíguas, providas ou não de papel higiénico, em todas tenho entrado, sem medo, buscando nelas provas empíricas da escatológica identidade portuguesa. Sobretudo da feminina, entenda-se, pois não cultivo o hábito de frequentar os lavabos masculinos.
Embora nestes meus périplos tenha entrado em recantos asseados, o mais das vezes é possível encontrar antros nojentos, onde uma rapariga, à falta de opção, é forçada a fazer as necessidades. Entre esses, causa-me especial repulsa (e espanto) aqueles que ficaram todos sujos após a utilização de uma senhora, cuja conduta foi pautada pela melhor observância das normas de higiene. Tal senhora, temendo contrair um qualquer vírus, apanhar uma qualquer bactéria, ou ser atacada por uma qualquer bicheza alojada na cerâmica sanitária, preferiu- e muito bem! - mijar em pé. Assim, não tocou na sanita. Assim, conseguiu a magnífica proeza de marcar o seu território. A sanita ficou suja? Qual é o mal? Afinal estava cheia de bicharada! E depois há alguém que limpe, não há? Limpar, bem basta as de sua casa!

Sem comentários: