Por motivos vários, a Ana estava triste da tristeza que vem daquele vazio que enche o peito, esmaga o coração, toma conta do corpo todo e torna a vida miserável.
Íamos pela Marginal. Já não havia bilhetes para a peça da Cornucópia e ir pela Marginal, em direcção a Carcavelos, ao Estoril, era um destino como outro qualquer, embora ficasse no sentido oposto a casa. Avançar lentamente pelo trânsito era um acto puramente aleatório.
Talvez a paisagem (o mar à esquerda, as árvores à direita, a Ponte 25 de Abril, ao fundo) incitassem à exorcização de alguns demónios.
Disse ela que se sentia mal e triste com a vida que tinha; mas que, quando estávamos juntas, parecia que estava a viver uma vida que não era a dela, porque tudo parecia possível.
Não sei se nesse momento aquilo era uma cena do Thelma & Louise (não encontrámos nenhum Brad Pitt, não matámos ninguém e nós próprias sobrevivemos para contar a história), mas aquelas palavras deixaram-me comovida.
Senti-me a fada que deixa um rasto de ouro atrás de si, à medida que os sonhos se tornam reais. Que mais pode alguém ambicionar além do reconhecimento do coração que se oferece, da generosidade extrema que existe nesse acto?
Íamos pela Marginal. Já não havia bilhetes para a peça da Cornucópia e ir pela Marginal, em direcção a Carcavelos, ao Estoril, era um destino como outro qualquer, embora ficasse no sentido oposto a casa. Avançar lentamente pelo trânsito era um acto puramente aleatório.
Talvez a paisagem (o mar à esquerda, as árvores à direita, a Ponte 25 de Abril, ao fundo) incitassem à exorcização de alguns demónios.
Disse ela que se sentia mal e triste com a vida que tinha; mas que, quando estávamos juntas, parecia que estava a viver uma vida que não era a dela, porque tudo parecia possível.
Não sei se nesse momento aquilo era uma cena do Thelma & Louise (não encontrámos nenhum Brad Pitt, não matámos ninguém e nós próprias sobrevivemos para contar a história), mas aquelas palavras deixaram-me comovida.
Senti-me a fada que deixa um rasto de ouro atrás de si, à medida que os sonhos se tornam reais. Que mais pode alguém ambicionar além do reconhecimento do coração que se oferece, da generosidade extrema que existe nesse acto?
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Por motivos vários, A. estava triste da tristeza que vem daquele vazio que enche o peito, esmaga o coração, toma conta do corpo todo e torna a vida miserável.
Íamos pela Marginal. Ir pela Marginal, em direcção a Carcavelos, ao Estoril, era um destino como outro qualquer, embora ficasse no sentido oposto a casa. Avançar lentamente pelo trânsito era um acto puramente aleatório.
Talvez a paisagem (o rio à esquerda, o mar ao fundo) incitasse à exorcização de alguns demónios.
Disse ele que se sentia mal e triste com a vida que tinha, que ainda não se habituara à incerteza da vida e dos sentimentos. Procurava certezas onde elas não existiam.
Mas o céu de um improvável tom de azul fê-lo dizer: Que bonito! Sorriram desajeitadamente e, por um momento, foram felizes.
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