11 de julho de 2005

Lamento

As coisas que se partem sou eu que as parto, por não suportar que haja beleza à minha volta.
Uma grande, gigante inércia. Uma vontade apenas de ver passar o tempo, de olhos vazios. Lamentar não ter morrido quando, há anos, o carro ficou feito num oito. Até aí, saí por meu pé. Uma grande, gigante náusea de mim. Não há poções mágicas que me resolvam. A cobardia sempre foi o meu maior defeito: o defeito que não consigo enfrentar. Prefiro matar a beleza à minha volta, destruí-la, miná-la, cansá-la até ela se ir embora, até ela morrer de cansaço, a ir-me eu embora. Demasiado cobarde, demasiado incapaz, fingidamente infeliz, lágrimas de crocodilo pela minha cara. Direi: sou um monstro. E o pior é que sou mesmo.

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