Nunca me custou deitar nada fora.
A memória conservada nos objectos fossiliza-nos.
Nunca compreendi as pessoas que acumulam anos de vida em sobretudos dentro do roupeiro.
Nunca compreendi as bugigangas em cima dos móveis, torres eiffel banhadas a ouro e prata, jazendo em naperons sobre o televisor a preto e branco, trazidas pelo primo emigrante lá fora.
As fotografias assustam-me como fantasmas. Tudo deixámos de ser.
Se a vida segue dentro de momentos, para quê o peso dos objectos, agrilhoando-nos os passos?
3 comentários:
nao sei k idade tens mas isso é a velho ...
"Nunca me custou deitar nada fora."
ainda bem e afinal vês...não te custa.
a vida segue dentro de momentos, mas também é feita de memórias, muitas delas que gostamos de ver, tocar.
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